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quarta-feira, 16 de março de 2011

O LAVRADOR E O SACI



Em um lugar chamado Quiterionópolis, uma pequena cidade do interior do Ceará, vivia um agricultor pobre chamado Joaquim. Ele vivia em um velho casebre e o que colhia na sua pequena roça mal dava para alimentar-se. Tinha a mão calejada de tanto trabalhar na lavoura, e a pele queimada de ficar muito tempo exposto ao sol. Em fim, o pobre homem tinha uma vida árdua e difícil. Mas se por um lado sua vida não era fácil, por outro era cercado de pessoas que o amavam,  como sua feia mulher que lhe era muito dedicada e seus amigos verdadeiros que sempre estavam ao seu lado e o ajudavam na hora que precisasse.
            Mesmo cercado de tanto amor e carinho Joaquim não era feliz com aquela vida, pois queria ser rico, ter mais conforto, andar com roupas caras entre outras coisa que só o dinheiro poderia lhe dar. O pobre homem as vezes passava horas sonhando como seria sua vida se ganhasse em alguma loteria.
            Em um certo dia passando por ali um saci, e em suas traquinagem perdeu seu gorro vermelho. Conta a lenda que se uma pessoa pegar o gorro vermelho do saci poderá perdi-lhe o que quiser e ele para ter seu chapéu mágico de volta realizará. Por sorte Joaquim o encontrou e assim que apanhou o gorro do chão o saci lhe apareceu dizendo:
_ Devolva o meu gorro.
            O agricultor ficou espantado pois nunca havia visto aquela criatura mágica. Mas como sabia sobre a lenda lhe respondeu:_ Eu não vou devolver coisíssima nenhuma.
            O pequeno menino negro que pulava com uma perna só o ameaçou:_ Se cê num me devorvê vou fazer traquinagem na sua casa pra sempre.
            O homem não dando ouvido aquelas ameaça, continuou com o gorro na mão. O pobre saci percebendo que não iria ter aquele objeto de volta entrou em desespero e começou a chorar dizendo:_ Por favor me dervovi que sem ele eu num tenho puder!
_ Não devolvo! Respondeu o outro.
            Depois de muita insistência para que lhe devolvesse seu gorro, finalmente ofereceu:_ O que cê quer para me dervover ele?
            Joaquim ficou muito feliz de ouvir aquela proposta. “Agora vou tirar o pé da lama” pensou. Mas o que o pobre homem não imaginou era que aquelas criaturas eram muito espertas e jamais saiam perdendo em suas propostas.
_ Quero ser muito rico. Pediu o homem.
            O Saci o olhou por um instante e disse:_ Aceito. Mas quero ficar com seu casabre.
            O homem pensou um pouco e depois aceitou, pois pensou que para nada lhe serviria aquele casebre se fosse rico.
_ É só isso? Perguntou o menino.
            Vendo que poderia pedir muito mais coisa pois parecia que a criatura mágica estava disposta a realizar o que pedisse continuou:_ Ah, eu queria uma linda mulher para ser minha esposa.
            Novamente o saci atendeu o pediu, mais disse que só o daria se ele desse sua esposa para ele. E o homem de bom grado aceitou, afinal sua esposa era tão feia e acabada que não iria lhe fazer nenhuma falta.
            Joaquim fez mais dois pedidos. Pediu para ser muito bem parecido afinal estava acabado de viver naquela vida árdua, e ter muitos amigos ricos como ele, amigos da sociedade.
            Seus pedidos forma aceitos. Mas novamente o saci disse que só lhe realizaria aqueles pedidos se ficasse com os amigos e a aparência de Joaquim. E o homem aceitou pois pensava que nunca mais iria  lembrar-se da vida que tivera naquele lugar.
            Assim como foi combinado aconteceu. Joaquim transformou-se em uma rapaz bem parecido, rico, casado com uma linda mulher e tendo muitos amigos da sociedade. Aquilo era tudo que mais sonhara na vida, agora poderia esbanjar dinheiro e se divertir como sempre quis.
            O tempo foi se passando, e neste intervalo o rico senhor fez tudo o que desejara. Já havia viajado para todos os países do mundo, comprado as coisa mais luxuosas, dados as melhores festas, fez mais amigos ainda, tudo parecia estar perfeito. Mas quando Joaquim se acostumou com tudo aquilo e quando nada era mais novidade para ele começou a sentir falta de alguma coisa. Logo descobriu o que era, pois notara que todo seu mundo era uma mentira. Ele não tinha aquela aparência, sua mulher só estava com ele por que tinha dinheiro e seus amigos também. Na verdade notou que era muito solitário pois ninguém o amava de verdade como seus antigos amigos pobres e sua mulher feia e acabada. Assim desejou ardentemente trocar toda sua riqueza por um amor verdadeiro, por pessoas que o amasse de verdade.
            No outro dia deixou sua casa com seus falsos amigos e viajou para seu antigo lar. Chegando em Quiterionópolis foi visitar seu casebre e para sua surpresa encontrou o saci que tinha a aparência do antigo Joaquim e vivia feliz com a sua mulher feia e seus amigos pobres. O rico senhor chamando o saci falou com autoridade:_ Não quero mais o que você me deu, quero minha antiga vida de volta!
            O ser encantado sorriu e respondeu:_ Você acha que sou bobo como tu para trocar amigos verdadeiros por falsos e o amor de uma mulher que me é muito dedicada por um amor de uma mulher falsa? De jeito nenhum. Uma boa aparência e riqueza se tornam ouro de tolo se você não tiver pessoas que o amem de verdade para compartilhar.
            O pobre homem vendo que a troca não seria desfeita começou a se desesperar e chorando pediu:_ Por favor seu Saci me devolva tudo o que me tomou.
            O ser encantado permanecia firme em sua resposta e dizia claramente que não tinha nada que fizesse ele desfazer a troca.
            Joaquim saiu dali muito triste, pois queria muito ter sua mulher e seus velhos amigos novamente. Depois de pensar muito chegou a seguinte conclusão. Se tinha conseguido tudo aquilo por que encontrou o gorro mágico do Saci, se descobrisse onde ele guardava esse gorro, poderia foça-la a desfazer todo o trato. “Mas como vou conseguir saber onde ele esconde o gorro vermelho?” Pensou. Passou então o dia vigiando o velho casebre onde havia morado.
            Em uma certa noite já tarde viu o Saci na forma de Joaquim sair sorrateiramente de sua casa. Ele então resolveu seguir o ser encantado. Depois de caminhar muito o saci parou em frente a um frondoso juazeiro onde uma coruja estava pousada e cochichou no ouvido dela, depois disso a ave vou. Passando pouco tempo voltou com um gorro vermelho. O homem colocando-o na cabeça voltou a sua forma de saci e saiu correndo. Ao amanhecer o saci voltou e entregou novamente o gorro vermelho a coruja, voltando assim a sua forma humana.
            Novamente o rico senhor não sabia o que fazer pois não conseguiu escutar as palavras mágica que o Saci disse a coruja para que ela lhe trouxesse seu chapéu. Naquele momento em meio a tantos pensamentos teve uma idéia. Como ainda possuía algum dinheiro foi no melhor alfaiate e mandou fazer um gorro igualzinho ao do saci. Depois seguiu em direção ao velho casebre onde havia morado com o gorro falso na mão. Quando o Saci viu seu precioso gorro na mão dele, ficou tão desesperado que nem pesou na possibilidade daquele gorro ser falso.
_ Como você conseguiu este gorro? Perguntou.
            O rico senhor pensou um pouco e lhe respondeu:_ Eu fui até aquela coruja que mora no meio da mata e disse que era seu amigo e você me pediu para pegar seu gorro encantado com ela.
            O Saci ficou tão furioso com a coruja que começou a esbravejar:_ Aquela ave burra vai me pagar. Eu disse a ela que só entregasse este gorro se lhe falasse no ouvido “Joaquim trocou seu ouro por ouro de tolo”.
            Finalmente o plano de Joaquim deu certo, naquele instante soube o que tanto precisava para conseguir o verdadeiro gorro mágico.
_ O que você vai querer? Perguntou o ser encantado.
            Mas como o homem não estava na mão com o gorro verdadeiro resolveu não arriscar até ter o verdadeiro objeto mágico nas mãos, então falou:_ Eu vou pensar um pouco e depois lhe digo.
            Saindo dali o rico senhor correu para a árvore onde a velha coruja morava. E chegando lá cochichou em seu ouvido as palavras mágica. A ave fez a mesma coisa de antes. Voou e voltou com o gorro mágico entregando-o nas mãos de Joaquim.
            Quando encontrou o Saci novamente, Joaquim com o gorro verdadeiro contou ao ser encantado toda a verdade. E este ficou furioso por ter sido enganado por aquele homem mas como não poderia fazer mais nada resolveu realizar seus pedidos. É claro que Joaquim pediu para voltar a ter sua velha vida, que embora fosse difícil e árdua o fazia ter tesouros que não havia riqueza no mundo que pagasse, sua dedicada e feia esposa e seus  pobres mas fiéis amigos que tanto amava. Conta que da antiga riqueza ele ainda guardou no bolso um pouco de dinheiro que deu para ajudar todos os que amava e tornar sua vida melhor.












Fim

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